Adultos
Quando tinha 13 anos, para além de me achar o máximo, pensava que as pessoas com mais de 20 anos já eram adultas. Adultas à séria, daquelas que casam e têm filhos e trabalho, gravatas, contas no banco e carro.
Quando entrei para a faculdade tinha 18 anos e era completamente imberbe. Agora que trabalho há dois anos, também não me consigo levar realmente a sério, continuo com a sensação que estou a brincar às executivas. De qualquer forma, aqui no escritório toda a gente brinca aos Chefes, Macaquinho do Chinês, às Escondidas e à Apanhada, por isso é perfeitamente normal que as reuniões, principalmente as internas, me dêm vontade de rir.
Quando olho para mim com 25 anos de idade e me vejo a acampar ilegalmente na praia, a fazer xixi nas dunas, a tomar banho atrás de um jipe em plena praça de Vila do Bisbo e numa bomba de gasolina em Aljezur, a inventar personalidades e a tentar figurar em todas as fotografias de gente desconhecida no Sudoeste, percebo que afinal ainda me falta muito para chegar à fase adulta.
E o pior é que em vez de me tentar juntar com gente normal, no auge da sua responsabilidade e seriedade, não! Os meus amigos são tão insanos quanto eu. O que só potencia a minha senilidade tornando-a perigosamente normal.
O giro desta questão é que às vezes - raramente, mas acontece - até nos questionamos sobre o rumo das nossas vidas, sobre quando seremos nós pessoas sérias e adultas. Se nos vamos casar algum dia, ter alguma estabilidade financeira e principalmente emocional, passar férias em Quarteira com os filhos, ou comprar um carro que no mínimo tenha ar condicionado.
Quanto a conclusões práticas desta análise? Uma valente gargalhada e mais uma garrafa de Moscatel!