A espera
Consegues ouvir alguma coisa? Percebes as palavras do médico e dos assistentes? Consegues dintinguir as ordens do cirurgião das piadas, ou só ouves sons longínquos e distorcidos? Ou não ouves nada? É tudo um silêncio denso, como se a vida ficasse suspensa por umas horas, e tu a pairar dentro de uma bolha de vazio? Parecem-te minutos, um segundo, um instante? Ou parece-te uma vida inteira? Sentes medo, rezas, pensas em nós? Ou sentes uma paz infinita, um sono sem sonhos e sobresaltos?
A mim estas horas parecem-me infinitas. Nunca tive muito jeito para esperar. O que tiver que ser, que o seja já e agora. Definitivamente. Para sempre. Imutável. Mas que começe agora. Não suporto este tempo intermédio em que não sei como me vou sentir daqui a umas horas. E pior que esperar, é esperar longe. Porque é uma espécie de espera dupla, como quem assiste a um jogo de futebol pela televisão e ouve o relato pela rádio. Os ouvidos já sabem o resultado que os olhos ainda não viram.
O que esperar quando só me resta esperar?
Adenda do dia seguinte:
São difíceis estes momentos em que a vida fica suspensa. Mas também estou convencida que servem para redefinir prioridades e prespectivar afectos, actitudes, opiniões. E principalmente para nos fazer lembrar do quando as pessoas que temos como certas nos podem fazer falta um dia. Que felizmente não é o de hoje!
Esperei. E correu tudo bem! :)
5 comentários:
Tens razão, a indefinição da espera é das piores coisas. Espero que a tua espera acabe depressa e que o resultado seja o melhor possível, Mia!**
Também espero q essa espera acabe rápido. Detesto a sensação de impotência q essas situações nos deixam, tu não?
Boa sorte **
Quando só nos resta esperar, há que esperar sempre o melhor.
Beijinho.
Gostei da posta do post. E gostei mais ainda da adenda! :P
Este post está uma coisa do outro mundo!! Magnífico!! Fez-me pensar imenso em certas coisas q neste momento estou a viver!!
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