segunda-feira, dezembro 05, 2005

Antigamente...
Metiamo-nos no nosso Renaut 5 verde-escarreta e íamos os quatro a Monsanto cortar um ramo de pinheiro que fosse suficientemente grande para parecer uma Árvore de Natal. Naquela época qualquer ramo era grande porque a nossa casa era muito pequenina. Eu achava que os meus pais eram "muita nice" porque faziam coisas proibidas como cortar árvores sem a polícia saber.
Depois ía-mos à procura de musgo para o presépio que, na nossa casa, era um verdadeiro exemplo democrático e pacífico de convivência entre as figuras tradicionais do presépio e os Playmobil.
Lembro-me perfeitamente da noite em que contei ao meu irmão que o Pai Natal não existia. Ele chorou muito e a minha mãe ralhou comigo.
Lembro-me de um presente em especial que me ofereceu a minha Tia Graça, uma boneca quase do meu tamanho, com o corpo de tecido e a cabeça, as mãos e os pés de plástico. No Verão que se seguiu os ciganos roubaram-me a boneca. Foi o meu primeiro desgosto à séria.
Lembro-me das "sombrinhas de chocolate" Regina que o meu avó trazia sempre para mim e para o meu irmão, juntamente com a libra de ouro que religiosamente guardáva-mos nos mealheiros do Montepio Geral.
Lembro-me de ter feridas nas mãos por andar a trepar aos armários para conseguir espreitar as prendas antes delas estarem embrulhadas.
Estes episódios são separados no tempo, mas para mim são todos o mesmo Natal.
Aquele, antes de irmos embora.

9 comentários:

Anónimo disse...

Evito recordar o Natal porque traz tantas memórias menos boas que, a dada altura, desisti dele e de o lembrar... Mas é engraçado que, ao ler estes teus episódios, fui de algum modo transportada para recordações similares e dei por mim a sorrir. Nem imaginas o quão sentido vai este muito muito obrigada que aqui deixo...
**

Inútil disse...

Quando penso nos Natais passados, lembro-me da minha avó passar a noite de 23 e o dia 24 a bater a massa do bolo rei e a fazer os fritos tipicos.
Agora, a minha mãe tem que me tirar a ferros da cama de manhã para ir eu amassar o dito do bolo. Quanto ao presépio, tenho o hábito de o vandalizar com tropazinhos de plástico, à noite, enquanto todos estão a dormir.

Mia disse...

Rosebud,
Não gosto muito de escrever sobre o Natal, porque é uma época que é sempre muito sensível para a maior parte das pessoas. Como é uma data que se repete todos os anos, se algo de menos bom calha acontecer nesta altura, é inevitável a recordação anual do acontecimento.
Embora não associe nada de mal a esta época do ano, não consigo evitar uma certa melancolia e nostalgia, daí as minhas recordações de infância. Procurava alguém que também se identificasse com elas, para além do meu irmão que as viveu comigo. E encontrei! :)
Chego a pensar se não andamos todos a ter o mesmo Natal desde sempre!
Beijinhos!Muitos!


Inutil,

Seria deveras interesante experimentar esse tal bolo que amassas! Não te imaginava tão prendado!
Eu não acredito que colocas homens armados ao pé do menino Jesus! Olha que se calha uma bala perdida no rabinho do menino cai-te meio mundo em cima!

Rosa disse...

Se te serve de consolo: as sombrinhas de chocolate da Regina voltaram... :)
Beijinhos!

Mia disse...

Rosa,
Hmmmmm, eu quero! Eu quero! Eu quero! :o
Beijoca!

Inútil disse...

Para dizer a verdade, o menino Jesus do meu presépio parece um mutilado de guerra, pois há já vários anos que tem o braço esquerdo partido.
Além disso, convém não esquecer que o menino Jesus nasceu numa zona algo conflituosa, sendo que os tropas são uma espécie de actualização histórica no presépio.

zephyr disse...

Eu se pudesse escolher agora, queria ser monhé!!! pa te enfernizar os dias antecedentes ao Natal, tipo: qué frô? ora ese aqui transistor SONYE 3 euro, com pilha!!, oró relógio Rolex!!! LOLOL

Tb penso q foram os Monhés q inventaram o conceito natal de hj em dia, luzinhasa e mais luzinhas, prendas e mais prendas. Fazem falta Natais como os de antigamente, ou plo menos alguns...

Mia disse...

Inútil,
O meu presépio também tinha um menino Jesus um bocado escafiado. Houve alturas até que a cara dele estava pintada a caneta azul!

Zephyr,
Pois fazem, pois fazem :)

Mia disse...

Bárbara,

Obrigada pelo reparo! Já está corrigido! :)