quinta-feira, novembro 24, 2005

A Saga
Os vizinhos que moram mesmo por baixo de mim são autênticas sarnas.
Eis mais duas pessoas que despertam em mim a vontade de espetar garfos em olhos alheios. São um casal de irmãos indianos, que devem ter os seus 50 e tal anos e que até há cerca de um ano viviam com a mãe, que entretanto morreu.
Ele é um nervosinho de primeira, fala alto, sempre muito depressa, baba-se e cospe-se imenso, foge das minhas gatas como nunca vi ninguém fugir, e quando bate lá à porta por qualquer motivo, em vez de olhar para mim enquanto falamos, está a tentar olhar para dentro da minha casa sem qualquer pudor.
Quando por um infeliz acaso me encontra no elevador faz-me perguntas do género "o que é que os teus pais fazem?", "a tua mãe está na reforma?", "o carro é teu ou do teu irmão", etc. Eu sempre a tentar driblar a situação, fugir às perguntas sem ser indelicada, mas quando me perguntou onde é que eu trabalhava, não me consegui conter e respondi-lhe: "no circo".
Fiquei com a sensação que ele acreditou!
Ela é simplesmente medonha. Tem sempre mil e uma doenças, tentou por várias vezes vender-me chamuças para as "minhas festas" (?!) e fala igualmente altíssimo.
Uma manhã, estava eu à espera do 49 na paragem do autocarro, quando ela se dirige a mim, sempre aos berros, a dizer-me para eu não tomar banho depois das 11 da noite, hora em que ela se ía deitar, porque era muito doente e não conseguia dormir com o barulho que eu fazia. Acrescentou ainda que o facto de eu passar as noites a arrastar móveis de um lado para o outro também não ajudava.
Enquanto eu tentava processar a informação por forma a não lhe responder com um murro nos óculos fumados, já toda a paragem do autocarro me olhava de lado.
Respondi-lhe, o mais calmamente que consegui, que eu tomava banho à hora que entendesse, e que os supostos barulhos que ela ouvia, não eram dos móveis, mas sim da cabeça dela. Acrescentei ainda que o que não me ajudava nada a mim, era ouvir as discussões dela e do irmão através do respirador que tenho na minha casa de banho. (Por vezes chegam ao ponto de partir coisas lá em casa enquanto berram.)
Chego a pensar que eles na verdade não conseguem é viver sem mim. Ao ponto de agora não me largarem por causa de uma infiltração na casa deles que supostamente vem da minha casa de banho.
Conclusão: dou comigo a estacionar o carro com um olho no lancil e o outro a percorrer o perímetro do prédio para me certificar que eles não estão por perto. Se o caminho estiver livre avanço, caso contrário tento demorar o tempo suficiente para eles desistirem de esperar por mim para entrar. Quando me tocam à campaínha, a não ser que saiba quem é, simplesmente finjo que não estou em casa. De manhã, quando saio para o trabalho, antes de carregar no botão do elevador, fico em silêncio por uns intantes para saber se eles andam por perto.
Alguém quer trocar de vizinhos?

10 comentários:

. disse...

Deixa lá, estou "bem" servida...
O que é mais triste é teres de condicionar a tua vida e o teu ritmo às pancas deles, mas olha: coragem! ânimo! (se um dias destes partires p a violência física nós vamos entender ;) )

Inútil disse...

Tens de fazer pasteis de bacalhau e vender à senhora para ela levar para as festas dela! Ia ser o êxito nas matinés do Taj Mahal!

André Parente disse...

Hmmmm...chamuças. :)

izzolda disse...

Eu acho que aceitava as chamuças também ;)
Tenho uns vizinhos mais ou menos pacíficos. Os de baixo são uns velhinhos simpáticos, os do lado é que são piores - têm uns cães bastante insuportáveis, nos quais teria todo o prazer em usar a estratégia do garfo. Bem....coitados dos bichinhos...secalhar dava-lhes só uns poderosos calmantes?

Rosa disse...

Querias era a minha sorte: mor há cinco anos no mesmo prédio e, como nunca tenho tempo de ir às reuniões de condomínio, não conheço nenhum vizinho! :) Só a cabeleireira da porta ao lado, mas essa não conta porque às seis da tarde vai-se embora.
Portanto, não, não quero trocar, obrigada!!!! :)))

Mia disse...

Rosebud,
Sim, é triste! Mas acho que vou adoptar outra postura: a Postura Garfos na Mão! hehehe

Inútil,
Pasteis de bacalhau só se for para fritar, porque não sei fazê-los! Compro no super mercado e serve?

kwan,
Hmmm....

Izzolda,
Acredita que é preferível ouvir cães que gente doida a discutir e a partir jarras de flores (é o que eu imagino que eles atiram um ao outro).

Rosa,
A patir do momento em que fui administradora do prédio, conheço toda a gente (são 20 casas).
Quer dizer, conheço as caras, mas não as associo aos andares e muito menos aos nomes! Só sei que são vizinhos!

Anónimo disse...

pelos menos os teus vizinhos não são como os meus de cima, que parece que estão sempre à espera que a minha roupa esteja quase seca para estender a deles... que está sempre a pingar!!! a desculpa: a máquina de lavar não está a funcionar muito bem.... já lá vão cinco anos e cada vez que se ouve o som da corda nas roldanas temos de correr para a varanda...

Mia disse...

Susa,
Muito me honra um comentário seu aqui no meu pulpfashion! :p
Bem, ao menos nesse aspecto de pendurar a roupa até me safo porque tenho um estendal interior.
Eu acho que há cinco anos que os teus vizinhos se estão a fazer a uma máquina nova (leia-se, que tu lhes ofereças uma máquina nova...)

Beijinho


Ana Afonso,

Viva a solidariedade!
Dou comigo a agradecer aos santinhos por não ter vizinhos que fazem fogueiras para queimar o lixo!?!?!
Alguém explica a essa senhora que há gente que faz isso por ela?

Beijinhos

zephyr disse...

Monhés!!! Monhés!!! Será q lavam os pés? Será q escutam de orelha colada ao tecto? Será q fazem caril caseiro? e aquele cabelo bezunta a escorrer po oleado e a resvalar o seco com aqueles frizadores de cabelo do tvshop!!!

Horror...

Jah Rules
Peace

Anónimo disse...

Coitada!!!!!