domingo, junho 03, 2007

Tenha medo, tenha muito medo!
Como pessoa decidida e que sabe o que quer, que é como quem diz insuportavelmente mandona e manipuladora, normalmente levo a vida à minha maneira. EU é que sei, EU é que faço, EU é que tenho razão, EU já te tinha avisado, vamos ali porque EU quero, não comemos aqui porque EU não gosto, etc, etc, etc...


Para as pessoas com egos insuportaveis como o meu deixo aqui um conselho precioso: há três coisas que superam a nossa vontade. Não vale a pena chorar, suplicar, argumentar, discutir. É preciso aceitar como se aceitam as fatalidades, e se possível, manter um sorriso neutro enquanto nos ardem as entranhas. Estou a falar de Cabeleireiras, Floristas e Fotógrafos.


Quantas vezes já implorei a Cabeleireiras, sem qualquer resultado, que não me pusessem laca no cabelo no final do penteado, tentei explicar verbalmente, com linguagem gestual e até com desenhos que "cortar as pontas" não envolve penteados artísticos!


Uma vez fui com a minha mãe ao Salão do Aristides, em Alcântara. A minha mãe adorava o homem, chamava-lhe "O Artista", dava-lhe carta branca para fazer o que bem entendesse. Ora, era Verão em Portugal, eu tinha 16 anos e 2 meses para coleccionar "curtes" entre Albufeira e Porto, por isso nada de grandes penteados, queria só escadear o cabelo e pintar uma madeixa de roxo. Pois o Artista decidiu que não podia ficar por ali: frisou-me o cabelo, depois viu a minha cara chorosa e esticou-o, depois queria pendurar missangas na franja... Nem sei bem quanto tempo passei sentada naquela cadeira, a olhar para o espelho, impotente, a tentar conter as lágrimas, de mãos dadas com a minha Prima que ía dizendo baixinho que não está assim tão mal, Mia, depois em casa lavas e penteias como queres... Um horror, um pesadelo!

Duas notas sobre isto: para que conste, o Verão correu optimamente; e ainda no mês passado li numa revista qualquer que o Aristides, O Artista, tinha ganho um prémio todo XPTO, pelo que me dou conta que chego sempre à mesma triste conclusão: a minha mãe tinha razão.
As Floristas... bem, de que vale dizer que quero um raminho de jarros amarelos simples para um funeral, se acabam sempre por juntar umas ramagens com brilhantes putanescos, um papel multicolor preso com laços infinitos de pontas enroladinhas? É mais forte que elas!
Quanto aos Fotógrafos, meus amigos, aí a coisa ganha contornos de esquizofrenia! Estou a falar daqueles Fotógrafos que têm estúdios com cenários de núvens e que insistem que as pessoas apareçam nas fotografias tipo passe de queixo arqueado, a olhar ligeiramente para o lado. Se não tivermos atentos, o mais certo é as fotografias saírem ligeiramente fumadas à volta do rosto, como se fosse um sonho, ou uma lembrança dos nossos antepassados.
Para não falar em Fotógrafos de Casamentos! Num dos últimos casamentos a que fui, conheci um Fotógrafo que tinha poses fetiche:
Fotógrafo: Ora então o próximo casal para tirar a fotogrfia com a Noiva! Ora... o cavalheiro faça o favor de se colocar à direita da Noiva.. isso! A senhorita - eu, portanto -, por favor coloque-se à esquerda. Olhe o vestido!! Cuidado com o vestido! Não pise o vestido!!! Pronto!
Mia: Assim?
Fotógrafo: Sim, isso mesmo. Agora o cavalheiro dá um beijo na face da Noiva, enquanto que a senhorita limita-se a olhar para eles a sorrir!
Mia: Como???
Fotógrafo: É só olhar, senhorita! É só olhar e sorrir, sim?
Mia: O quê? Mas a fotografia é assim?
Fotógrafo: Não pise o vestido, senhorita! Vá! É só sorrir, não custa nada!
Meus caros, eu nasci nos anos 80, por isso podem imaginar o tipo de roupas e penteados que já tive. Também já fui daquelas adolescentes que se auto retrata para enviar fotos a ciber amigos por mIRC, mas acreditem, foi a fotografia mais pirosa em que já apareci!

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