Coisas que poderiam ter acontecido, mas afinal não!

Entretanto passou um ano e meio, mas finalmente a chefia percebeu que isto de eu estar constantemente despenteada a correr de um lado para o outro, do meu gabinete ter não 1, não 2, mas 3 pilhas de papelada "A Tratar", do meu telefone mais parecer uma gata com cio, e de monopolizar 3 impressoras e uma fotocopiadora como se fossem só minhas, era capaz de significar que, às tantas, parecendo que não, o melhor seria contratar outra pessoa para me ajudar.

Gente sábia esta que manda!

Assim, ontem à hora marcada cá estava a primeira vítima para a entrevista.

Baixinha, bonitinha, simpática, muito bem arranjada e ligeiramente nervosa, aquele ser despertou em mim uma vontade de erguer os braços para o céu e desatar a gritar :

"VAI-TE EMBORAA!!! FOGE ENQUANTO É TEMPOOOO!!! NÃO SABES ONDE TE VENS METER!! VAIII!! VIVE A TUA VIDA EM LIBERDADE! NÃO DEIXES QUE TE ROUBEM A SANIDADE MENTAL!!! VAI POBRE CRIANÇA! VAI E SÊ FELIZ!!"

Seria a salvação de uma alma! Evitaria que a rapariga se tornasse num ser amorfo, aborrecido, num bocejo só de se olhar para ela, amarelinha, com o cabelo colado à cara, cheia de cigarros na boca e pelos nas pernas. Sim, porque fora a minha estimada pessoa e algumas alminhas mais para o gaiteiro, é tudo assim lá no escritório! E é coisa ruim! É um dar que se lhes dá!

Mas não!

Só consegui abrir a boca para lhe dizer numa vozinha esganiçada:

"Quer um cafezinho?"...